Por João Araújo
Uma das grandes vantagens e um dos maiores desafios da pesquisa eleitoral é que sabemos o dia em que poderemos confirmar as projeções feitas durante a campanha eleitoral. Esse dia é o dia da eleição, e é quando poderemos avaliar se as metodologias estavam funcionando e, de forma mais fria, se as pesquisas estavam certas ou erradas. Sabemos que o resultado das pesquisas de opinião nos fornece um retrato do momento, e é senso comum que muitas coisas podem acontecer até o momento efetivo do voto. Mas “acertar” ou “errar” o resultado das urnas vai além de ser um termômetro que pode contribuir para melhorias nas metodologias, pode também influenciar a opinião pública sobre a credibilidade dos institutos de pesquisas.
No âmbito metodológico, as pesquisas desenvolvidas pelo Instituto PNH foram extremamente bem-sucedidas. Utilizando tecnologias inovadoras aliadas a metodologias cientificamente comprovadas, o PNH ouviu, em poucas horas, a opinião de 1100 brasileiros em 715 municípios em todos os estados brasileiros. Esta amostra garantiu uma margem de erro de +/- 3%. Os entrevistados além de revelarem suas intenções de voto também puderam dar a opinião sobre quem venceu o decisivo debate da Rede Globo. Este foi o último levantamento publicado no país e realizado em sua totalidade na véspera do dia em que os brasileiros foram as urnas.
O Instituto PNH indicou um empate técnico, com projeções positivas para Lula. As projeções indicaram diferença de menos de meio ponto percentual em relação aos votos válidos obtidos por Luna nas urnas. De acordo com a pesquisa, Lula seria eleito com 50,6% dos votos válidos, contra 49,4% do candidato Jair Bolsonaro. Além do resultado geral da pesquisa, os índices também foram certeiros quando segmentamos pelas 5 regiões do país.
Comparando os dados da pesquisa com o resultado dos votos válidos no primeiro turno, é possível constatar que Lula expandiu seu eleitorado no Nordeste e ganhou mais eleitores na região Centro-Oeste e na disputada região Sudeste. A pesquisa também revelou que teve melhor desempenho em conquistar novos eleitores nas regiões onde tradicionalmente já tinha maior vantagem.
Em geral, Bolsonaro tem mais vantagem entre os homens e Lula entre as mulheres. Ainda na véspera da eleição, as mulheres eram as mais indecisas. A indecisão cresce proporcionalmente com as faixas etárias mais elevadas. Lula tem grande vantagem entre os mais jovens. Classe social é uma variável com relação direta na escolha do candidato. Bolsonaro tem desempenho superior a Lula apenas entre os eleitores que têm o Ensino Médio completo ou incompleto. Lula tem expressiva vantagem entre os que não frequentaram a escola. Grande parte dos eleitores de Lula tem renda familiar até dois salários-mínimos. A maior vantagem de Bolsonaro é entre os eleitores que têm renda superior a 5 salários-mínimos.
A pesquisa também aferiu a influência do debate na intenção de voto dos entrevistados, e contando apenas com os eleitores que assistiram ao debate na Globo (63,8% dos entrevistados), Lula seria o vitorioso com 53,3% das intenções de votos e Bolsonaro 43,8%. Considerando apenas os votos válidos, Lula aproxima-se de 55% e Bolsonaro 45%. O cenário é oposto entre os que não acompanharam o último debate. Bolsonaro alcança aproximadamente 15% de vantagem sob Lula. A pesquisa foi protocolada no TSE com o número BR 02207/2022.